Por Que Não Investir em Planos de Previdência Privada

Um dos maiores mitos existentes no mercado financeiro é que planos de previdência privada são uma boa alternativa de investimento para a aposentadoria.
Eles, em sua grande maioria, são vantajosos apenas para os bancos e seguradoras que os oferecem.
Uma das maiores vantagens divulgadas sobre o investimento em PGBL é o “benefício fiscal” em relação ao Imposto de Renda. O que poucos sabem, entretanto, é que você não tem uma isenção fiscal, mas apenas um diferimento fiscal.

O que é diferimento fiscal?

O termo diferimento fiscal é conhecido por poucos investidores. Na verdade, trata-se de uma vantagem fiscal concedida em algumas aplicações, que deve ser analisada com cuidado por quem está planejando investir seu dinheiro.
A palavra diferimento nada mais significa do que adiar.
Portanto, diferimento fiscal significa adiar o pagamento de impostos que são devidos quando você aplica seu dinheiro. Nas aplicações onde existe a possibilidade de diferimento, o imposto é cobrado somente na hora do resgate da aplicação.
Dessa forma, você vai pagar, sim, o imposto de renda.

Existem outras desvantagens?

Sim.
Várias.
Vou citar cada uma delas a partir de agora para que você esteja ciente antes de decidir investir num plano de previdência privada.

Taxas de Administração

A taxa de administração é a recompensa que o gestor recebe pelo seu trabalho em administrar os recursos que você aplicou.
A cobrança se dá sobre o montante total aplicado ao longo de um determinado período.
Exemplo: caso seu plano tenha uma taxa de administração de 2% ao ano, se você investir inicialmente R$ 10 mil, o administrador do plano vai retirar, ao longo do ano, R$ 200,00 do valor investido, independente da rentabilidade.

Taxa de Carregamento

Além da taxa de administração, muitos planos de previdência privada sofrem também a incidência da taxa de carregamento.
Esta taxa tem a função de arcar com os custos da empresa que administra a aplicação.
A taxa de carregamento incide sobre as contribuições.
Funciona da seguinte maneira: de cada R$ 1,00 investido, apenas uma parte é efetivamente investida; a outra é utilizada para arcar com o custo da empresa.
Desse modo, uma taxa de carregamento de 1% equivale a investir R$ 99,00 para cada R$ 100,00 contribuído. A outra parte (R$ 1,00) é retida para compensar os custos em aplicar o dinheiro.

Taxa de Saída

Trata-se de uma taxa cobrada caso você decida resgatar o montante investido antes de um determinado período, geralmente definido no momento da contratação.
É uma espécie de “multa” , para tentar impedir que você desista do plano contratado.

Principal consequência: baixa rentabilidade

Quando comparamos o investimento em títulos públicos com um plano de previdência privada conservador, o segundo costuma perder “feio” em termos de rentabilidade.
Por que?
Justamente por conta dessas taxas cobradas, que simplesmente subtrai quase toda a rentabilidade que deveria ser sua.

O que NÃO fazer?

Após tomar conhecimento disso, muitas pessoas pensam em resgatar o que investiram imediatamente para investir em títulos públicos, por exemplo.
Mas você não deve fazer isso, justamente por conta das taxas que podem incidir sobre a retirada e, principalmente, por conta do pagamento do imposto de renda, que pode chegar a 35% sobre sua rentabilidade, caso você decida resgatar nos primeiros 24 meses.

Então o que fazer?

Eu costumo sugerir três alternativas:
  1. Invista no seu conhecimento para saber quais são realmente as melhores opções de investimento para garantir seu futuro financeiro;
  2. Interrompa imediatamente seus aportes e direcione-os para as aplicações financeiras mais vantajosas para seu bolso;
  3. Ao invés de fazer o resgate, procure por um plano de previdência sem taxa de carregamento e com baixa taxa de administração (até 1% ao ano), e solicite a portabilidade, semelhante ao que ocorre na telefonia, por exemplo.
Atualmente existe a portabilidade de planos de previdência privada.
Se você possui um PGBL no banco ou seguradora A (que cobra taxas altíssimas) e está insatisfeito, você tem o direito de solicitar a transferência para outro PGBL no banco ou seguradora B (com taxas menores).
Esta é a atitude que deve ser tomada. Resgatar tudo de um banco para aplicar novamente em outro certamente vai gerar uma grande perda de dinheiro, por conta das multas e da tributação que incidirá sobre o valor resgatado.

Conclusão – Recapitulando…

Planos de previdência privada, em sua maioria, só são financeiramente vantajosos para o banco. E não para você.
O benefício fiscal tão comentado nada mais é que um adiamento do pagamento do imposto e que, no final das contas, não compensa por conta das desvantagens deste investimento.
Mesmo naqueles casos em que a empresa que você trabalha dobra o aporte (para cada R$ 1 que você investe, ela também investe R$ 1), é bom ficar atento, caso você não planeje passar o resto da vida trabalhando nesta mesma empresa.
Se você receber uma oportunidade de emprego mais vantajosa e precisar sair da empresa atual, em muitas situações você perderá toda a contribuição que a empresa atual fez.
Então é bom dar uma lida no contrato para saber quais são as cláusulas de rescisão existentes e quais serão as perdas em caso de mudança de emprego.
E caso queira conhecer outros problemas da previdência privada, recomendo a leitura do artigo “6 Problemas da Previdência Privada“.
Por fim, ressalto sempre que melhor forma de tomar qualquer decisão em sua vida é estar bem informado sobre as vantagens e desvantagens existentes.
Isso vale para qualquer área, como a compra de um imóvel, contratação de um seguro, troca de um carro ou mesmo o investimento em aplicações financeiras.
A falta de informação pode custar muito caro no futuro, caso você tome uma má decisão.

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